A definição genérica se um projeto é progressista ou reacionário baseia-se se conduz ou não a uma melhoria da nossa sociedade. Esta ideia está subjacente a vermos como de carácter progressista as medidas adotadas para mitigar o impacte ambiental negativo de atividades produtivas. Assim, progressista será uma oposição às grandes empresas que procuram maximizar os lucros sem terem em conta a degradação ambiental que originam a que se opõem as organizações “progressistas” que defendem atividades sustentáveis e amigas dos cidadãos e dos ecossistemas.
No entanto, é preciso ter em conta a Agenda 2030 que introduziu a denominada “transição ecológica” envolvendo as grandes empresas. A questão é que os objetivos das empresas monopolistas são agora distintos. O processo de financiamento corrente de toda a atividade económica tem levado a oligarquia financeira a apostar em modelos neomalthusianos em contexto de estagnação económica e a uma busca de rentabilidade através da transferência de fundos públicos para setores específicos de atividade, como são as energias renováveis. Desta forma, a aposta na “transição ecológica” deixou de ser uma barreira para conter as atividades produtivas das grandes empresas, para passar a ser um objetivo dessas mesmas empresas.
Ora, sendo a defesa do meio ambiente um objetivo progressista, o seu controle pelas grandes corporações é claramente reacionário. E é este perigo que está subjacente à denominada transição ecológica/ transição energética, através duma mudança das fontes de energia, não através de fontes mais eficientes, mas menos eficientes como são as energias renováveis. Mas que interessa a eficiência, se essas fontes são fortemente subsidiadas pelo Estado que passou a estar ao serviço dos grandes produtores de energia?
É verdade que o avanço social e económico se produziu historicamente através de sucessivas transições energéticas que permitiram saltos significativos de desenvolvimento como foram a primeira revolução industrial, apoiada na utilização do carvão e da energia do vapor de água, ou a segunda revolução industrial, suportada pela utilização de gás, petróleo e na difusão da energia elétrica. Afinal, o contrário do que agora se pretende: uma transição para fontes energéticas menos eficientes, com possíveis consequências na degradação económica e social.
Será portanto esta transição energética um objetivo de interesse dos cidadãos europeus e um objetivo progressista? Mas atenção: impulsionar as energias renováveis como fonte complementar é absolutamente correto e prudente. Mas que interessa a eficiência energética? As grandes corporações, que investem maciçamente em energias renováveis com benefícios assegurados através da contínuas transferências de enormes recursos públicos, ou seja com base nos enormes impostos aos cidadãos, têm sempre os lucros garantidos e o que parecia progressista passou a constituir um modelo reacionário de sustentação da oligarquia corporativa.
* Rui Cortes
