O Instituto Nacional de Estatística (INE) estima que a taxa homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) aumentou dos 8% em maio para 8,7%, em junho. O rendimento de trabalhadores e pensionistas não está a acompanhar o aumento generalizado dos preços. A recusa do Governo em proceder a aumentos salariais diminui, como efeito direto da inflação, o rendimento real da maioria da população, já confrontada com baixos salários e precariedade laboral.
Em 2022 os salários e pensões vão sofrer perdas reais superiores às ocorridas nos anos da troika, num regresso ao intolerável processo de empobrecimento e agravamento das desigualdades.

Não são os salários, mas os lucros que estão a operar o mecanismo de propagação inflacionista.
A erosão dos salários faz com que o peso do rendimento agregado dos trabalhadores decresça em relação ao global do rendimento nacional.
Governo e patronato defendem, às claras, uma espécie de congelamento salarial que conduz a uma quebra real e como intocável o desequilíbrio na legislação laboral e na contratação coletiva.
O movimento em defesa dos salários e das pensões, contra a precariedade e pela alteração das leis laborais tem de desempenhar papel central nas mobilizações para enfrentar a maioria absoluta. Ganha força a ideia da convocação de uma greve geral durante a discussão do OE2023. Qualquer programa progressista de combate à inflação passa pelo controlo de preços, mas tem de ir para além disso, exige a preservação dos salários, o que significa a necessidade absoluta de aumentos salariais – a prioridade no combate à inflação, ao empobrecimento e à austeridade é o aumento dos salários.