…SEMPRE ÁVIDO DO SANGUE DO POVO. “E QUEM NÃO O COMBATE É QUEM DELE FAZ PARTE”.
Bastonário e ex-bastonários da Ordem dos Médicos, jornalistas e alguns opinadores da “nossa praça” têm vindo a público, nos últimos dias, clamar, perante a previsível ruptura do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que o Estado se deve socorrer dos hospitais privados e das Misericórdias.
Num contexto em que o SNS não consegue responder às necessidades dos doentes “não Covid 19”, situação que vem desde o mês de Março, e de ruptura eminente nesta segunda fase da pandemia, também eu sou de opinião que o Estado deve chamar os privados (incluindo Misericórdias, a quem chamam o sector social da saúde) a tratar da saúde dos portugueses – tratar da saúde no bom sentido.
Só que o que eu penso, parecendo ser o mesmo que pensa a “santíssima trindade” referida no início do texto, é completamente diferente. O que os homens de mão da saúde privada querem, nesta situação difícil para a saúde dos portugueses, é que o Estado lhes encha os bolsos de dinheiro, ou seja, que transfira para os seus cofres milhões de euros, que são nossos, pois têm origem nos impostos que pagamos, para vacinarem contra a gripe, para consultarem e operarem os doentes que o SNS abandonou, etc.
Chama-se a isto aproveitar a desgraça, chamada Covid 19, que se abateu sobre o povo para “encher a burra de ouro”. A preocupação destes senhores com a saúde dos portugueses tem uma medida única: chama-se dinheiro.
Ora, o que eu penso, e o que o Governo devia pensar se actuasse tendo como bússola orientadora a saúde e o bem-estar dos portugueses era, perante a situação de eminente catástrofe do SNS, intervencionar, de imediato, todos os hospitais privados, nomeando para eles gestores públicos e colocando-os no Serviço Nacional de Saúde, impondo-lhes a actuação que deviam ter em função de um único objectivo: a saúde dos portugueses.
Esta é a medida que se impõe: nacionalizar, pelo menos por um ano, os hospitais privados em Portugal. Só assim se poderia garantir tratamento a todos os doentes Covid 19 e repor rapidamente as consultas e as operações em atraso no SNS para os doentes não Covid.
Constantino Piçarra, historiador, professor.