por João Luís
Nas últimas eleições legislativas foi tema dos partidos da direita a desigualdade de rendimentos entre países europeus, designadamente, que os países como a Polónia e a Roménia tinham ultrapassado Portugal. O facto é que fomos alimentados com essa retórica e que eu soubesse ninguém contrapôs.
Será que esta verdade vendida é mesmo verdade?
Tentavam comparar Portugal com os países do alargamento a Leste, os chamados PECO, países da Europa Central e Oriental: Polónia, Hungria, República Checa, Estónia, Eslovénia, Letónia, Lituânia, Eslováquia, Roménia e Bulgária, sendo que este alargamento inclui mais dois países do sul da europa: o Chipre e Malta. Entrando todos em 2004, exceptuando a Bulgária e a Roménia, que entraram em 2007.
Voltando às nossas comparações baseadas em estatísticas confiáveis.
Os rendimentos per capita aproximam-se, na generalidade, de acordo com a região económica, social e política, exceptuando os casos do Luxemburgo e a Irlanda, que apresentam valores desenquadrados com as restantes economias, dadas as particularidades das suas economias que não cabe agora desenvolver neste texto.
Assim, podemos afirmar com clareza que Portugal, mas também a Espanha, a Itália e a Grécia apresentam valores mais modestos, mas com PIB per capita muito superiores, à generalidade, dos países PECO.
Sabe-se que países que partam de uma situação menor e desfavorável cresçam mais que outros países, mas isso, é sempre assim, quem parte de patamares mais baixos, em princípio cresce mais que outros que estejam num patamar mais elevado, teremos sempre relativizar.
Mas será que está tudo bem?!
Não está! Comparando os países do Sul da Europa com os países do Norte da Europa, são significativas as diferenças dos rendimentos. No caso português estamos a falar de diferenças que ultrapassam o dobro do rendimento.
A pergunta não é saber o porquê de estarmos perto de países como a República Checa, a Eslováquia e a Eslovénia, que partiram para a União Europeia num patamar razoável de desenvolvimento.
A pergunta é: porquê Portugal, desde a sua entrada na CEE, em 1986, não consegue descolar de níveis modestos de desenvolvimento?

