O gigantesco desastre nuclear de Chernobyl começou às primeiras horas da manhã de 26 de abril de 1986. O núcleo do reator 4 da central nuclear de Chernobyl na Ucrânia (ex-URSS) entrou em fusão e explodiu.
Os efeitos foram brutais e realmente incomensuráveis. Fizeram-se, e ainda se fazem e far-se-ão sentir durante longos anos. Os números oficiais de mortos continuam a ser 31 – aqueles que morreram naquela noite, dois funcionários da central e bombeiros. Mas a nuvem radioativa espalhou-se e contaminou uma grande parte da Europa de leste e central, tendo a Ucrânia, a Bielorússia e a Rússia sido os países mais fortemente atingidos. A radioatividade chegou a ser detetada na Irlanda.
As estimativas das consequências na perda de vidas humanas não coincidem, qualquer coisa entre 4 mil e 90 mil, mas o certo é que para além das vítimas imediatas, há milhares de mortos em consequência da radiação. Atualmente vivem 5 milhões de pessoas em zonas contaminadas pela radioatividade. Os efeitos na sua saúde estão longe de estarem totalmente determinados.
Chernobyl é um poderoso argumento sobre a necessidade absoluta de ligar as ideias socialistas às questões ambientais e ecológicas. Um novo paradigma de desenvolvimento significa acabar com o produtivismo que submete o ambiente e os interesses da maioria da população (é uma questão de classe) ao crescimento económico. O ecossocialismo, rejeita essa conceção puramente quantitativa das forças produtivas, O que se torna necessário é a transformação qualitativa do desenvolvimento.
Portugal rejeitou a construção de centrais nucleares. Depois da contestação popular ao projeto de uma central para Ferrel (Peniche) nos anos 70, o grave acidente em Chernobyl veio tornar mais evidente os perigos que envolvem a produção de energia nuclear. Espanha construiu várias centrais nucleares e está agora a braços com o problema do seu desmantelamento. A energia nuclear encontra cada vez mais motivos para ser rejeitada, até porque não tem sustentabilidade económica e ambiental.
A central nuclear de Almaraz, instalada junto ao Tejo a cerca de 100 km da fronteira com Portugal, constitui uma ameaça inadmissível sobre as populações e o território português, tem sido alvo de contestação pelos movimentos ambientalista e antinucleares. Ultrapassou o tempo de vida útil inicialmente projetado, mas as empresas energéticas continuam a prolongar a sua operação, procurando extrair o máximo lucro daquela central, mesmo com o aumento do risco de um acidente à medida que aquela infraestrutura envelhece.
