Conhecidos os resultados da candidatura presidencial da ultradireita e o perfil do seu eleitorado, é cada vez mais clara a hipótese da multiplicação de candidaturas da direita ultramontana às autarquias.
Tais candidaturas serão seguramente encabeçadas por trânsfugas do PSD e do CDS, pois estes partidos albergam deste sempre inúmeros personagens reacionários que esperavam o caudilho que agora vislumbram saindo da bruma.
Perante o surgimento a nível local das candidaturas dos ultras devemos além do cerco sanitário obrigatório a estas listas, promover candidaturas capazes de enfrentar e derrotar o populismo.
Como construir estas candidaturas é um debate que tem de ser feito e é urgente!
Alargar, falar e ouvir é o caminho. Procurar consensos em torno de um programa de esquerda que dê respostas claras ao nível local às questões da crise climática, dos transportes e dos espaços públicos. A implementação imediata de um parque habitacional público para responder ao problema do acesso à habitação, procurar outras soluções para promover o emprego sustentável a nível local, evoluir para mecanismos de gestão participada dos espaços e dos recursos são alguns dos aspetos que deverão ser tidos em conta num programa de esquerda anti populista.
O espaço e os atores deste processo não devem ser objeto de qualquer limitação colocada à priori, e devem ser as organizações locais a ponderar as diferentes possibilidades e vias para construir os instrumentos que melhor sirvam o propósito servir as populações que é a melhor forma de derrotar a ultradireita.
* José Moreira
