Presidenciais e o abandono do Interior *

Os resultados eleitorais para a Presidência da República, em particular no interior do país com a ascensão da extrema-direita, coloca à evidência quanto errado foi o abandono do interior pelos sucessivos governos e pela própria esquerda em si.

O Alentejo, que foi uma referência histórica do antes e pós 25 de Abril para toda a esquerda, neste momento deu uma forte bofetada a quem pensava ter a “sua” propriedade eleitoral e os partidos, PCP e Bloco de Esquerda, têm de fazer uma reflexão profunda sobre os resultados das candidaturas que apoiaram e que deram o segundo lugar ao candidato da extrema-direita por todo o interior.

A bandeira da Regionalização tem de ser reerguida de novo para combater as assimetrias regionais, assente num desenvolvimento que leve à coesão territorial dando ao interior aquilo que lhe tem sido negado e a esquerda não pode pensar só nos distritos que possam eleger deputados, mas olhar o país como um todo. A visão eleitoralista e parlamentarista é uma visão oportunista e expõe-se às bofetadas do povo.

* António Ricardo

Arquivo de Política - Página 15 de 24 - Linhas de Elvas

Um pensamento sobre “Presidenciais e o abandono do Interior *

  1. Há a questão do abandono do interior enquanto prioridade eleitoral, e de desenvolvimento, mas há outros fenómenos que contribuem para o reforço da extrema direita nesses territórios, de carácter mais cultural e antropológico que não podem ser ignorados e que obrigam a reflexão. A esquerda pós moderna, na qual o BE se insere, é contra o mundo rural, muitas vezes este sentimento nem sequer é assumido ou revela pura ignorância sobre a realidade deste mundo (o rural), a ideologia proibicionista sobre todas as expressões tauromáquicas, a caça e até a produção animal, e por arrasto a própria produção agrícola, são um atestado de menoridade e de infantilização que o eleitorado urbano e pretensamente esclarecido passa a quem tem uma relação profunda com a ruralidade, este tipo de ideologias empurra a população rural para os braços da Extrema Direita, como se viu na Andaluzia em Espanha, o bem estar animal e a preservação dos habitats não são incompatíveis com a caça e a produção animal, ao contrário do que consta do último programa eleitoral do BE, e muito se poderia fazer também pelo bem estar animal nos eventos tauromáquicos, como por exemplo distinguir as corridas verdes daquelas em que se espetam farpas nos touros, como se faz na Califórnia e no Canadá (dois exemplos de países avançados em termos de “direitos” dos animais), onde os toureiros portugueses actuam com grande sucesso, o extremismo do BE nesta matéria, criado em parte por pressão do PAN, um partido animalista e neo-liberal, é contraproducente e não é de esquerda, nem ecológico.

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