Hoje, que tanta se fala em urgência climática, não faz mais sentido teimar em ignorar que o país precisa de “mais ferrovia”, e que esta é uma medida que permite também a reconversão energética no nosso país.
O comboio foi, e é, um meio importantíssimo de coesão do território, de aproximação de regiões e de vidas, um meio de ligação estreita entre todos.
Infelizmente, há muitos anos que vimos assistindo ao desmantelamento da nossa rede ferroviária e à degradação da CP. O interior ficou cada vez mais isolado, as suas populações mais fragilizadas, as assimetrias mais acentuadas e à mercê das empresas de transportes privados. O Estado tem que ser responsabilizado.
Amarante não foi excepção. Em 25 de Março de 2009 festejou-se, com toda a pompa e circunstância, o centenário do troço da Linha do Tâmega, entre Livração e Amarante, para, de seguida, ser ordenado o seu encerramento, oficialmente para que a Linha pudesse ser submetida a profundas obras de beneficiação, com a promessa de reabertura 2 anos depois.
Nunca veio a acontecer, acabou por ser definitivamente encerrada em 1 de Janeiro de 2012.
Enquanto todos os países investem na sua rede ferroviária, Portugal até deixa que os carris sejam arrancados e vendidos como ferro velho. Temos de uma vez por todas investir na modernização das linhas, no reforço do material circulante.
É impensável a ideia de um país sem uma rede ferroviária forte, e sem uma empresa robusta e pública que ligue todos os portugueses, de todos e para todos.
Objectivamente, o país precisa de definir que ferrovia efectivamente pretende, sabendo que, qualquer decisão de hoje, só terá efeitos vários anos depois.
Ou seja, precisamos de uma política e de um plano estratégico a longo prazo, para bem da mobilidade e da descarbonização da economia.
* Lisa Antunes
