O Orçamento da austeridade sobre pandemia tem de ser chumbado [por Mário Tomé]

Depois da COVID tudo, o fundamental, vai continuar como dantes, quartel-general em Abrantes   Não será a COVID a provocar qualquer alteração significativa na vida das gentes. Se nem sequer serviu para requisitar os hospitais privados para responder à pandemia, antes lhes deu mais negócio pela mão do SNS numa premonição de mais PPPs.

Talvez a crise económica e social que aí vem obrigue as pessoas a sair da lassidão, da aceitação bovina, e a terem a compreensão de que quando se sentem presas na sua liberdade para além do razoável face a cada situação concreta, isso decorre, sempre, da opressão e dominação inscritas na forma como a sua vida é determinada pelo poder financeiro.

E as leve, às pessoas, a não aceitarem os argumentos dos borra-botas que fazem de conta que mudam para que tudo não apenas fique na mesma, mas que, no fundamental, piore. E, portanto, a bolha em que vivem e mesmo que mal, e aí acrescentam nunca pior, está envenenada e em última instância vai rebentar deixando-as sem abrigo nem possibilidade de recurso.

Paulatinamente o discurso político vai ficando fascistoide “A bem da Nação”. Se estás contra o Costa e o Marcelo de mamas à amostra, és responsável pela crise. Dizer que não às suas propostas é ser irresponsável. É não ter em conta os interesses do país, etc.

Pergunto: qual é o quadro que deve definir o que é bom ou mau e quais são os interesses do país? Os do Salgado, os da família Amorim, os dos especuladores da banca que enriquecem com os despedimentos ou com a manutenção e aceitação das ordens de Bruxelas ditadas pelos seus parceiros de Wall Street ou Frankfurt ou Londres que usam interessantes apelidos colectivos de Dow Jones, PSI, NASDAQ, BOVESPA;

ou os dos trabalhadores precários, a prazo, dos desempregados, dos reformados de mão dada com a pobreza, dos sem casa ou despejáveis ou de bidonvilles de tijoleira, ou os da chamada classe média sem dinheiro para viver sem se endividar até aos cabelos aos batoteiros dos PSI e Dow Jones e etc., para roçar o que se possa chamar uma vida decente?

Qué essa treta dos interesses do país? A esquerda quando defende quem trabalha não apenas esbulhado mas para além do tolerável ou aceitável na própria Europa pintada como Eldorado ou aquela escumalha endinheirada e bem falante?

O contraditório elimina-se da política? A democracia também é diálogo e acordo? Muito bem. Mas em que base? Os interesses em jogo estão bem definidos e claros. É preciso um exército de aldrabões diplomados fazendo fogo cerrado permanentemente para “obrigar o pessoal” a fazer de conta que vai na conversa; mas o pior é que vai mesmo.

O papel da esquerda é dar a volta ao texto, ou seja, ao tacho.

O Orçamento da austeridade sobre pandemia tem de ser chumbado.

Ou a esquerda esqueceu-se de si mesma.

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