Câmara de Lisboa aprova por unanimidade Voto de Pesar pelo falecimento de Maria do Carmo Bica

Em reunião plenária realizada hoje, dia 17 Setembro, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) aprovou por unanimidade um Voto de Pesar pelo falecimento de Maria do Carmo Bica, referindo a sua “vontade constante de construir uma sociedade justa e solidária, sem o radicalismo individualista e sem identidades fechadas” e o seu reconhecimento da “importância de procurar e impulsionar novas formas de participação, sobretudo da decisão participada e construção comunitária do espaço público.”

O texto aprovado considera relevante “a parceria no programa de participação e construção comunitária BIP/ZIP (Bairros e Zonas de Intervenção Comunitária) da Câmara Municipal de Lisboa, através da Associação GlocalDecide, presidida pela Carmo Bica, com a importante intervenção do Professor Rogério Roque Amaro” e valoriza a sua ação como autarca, eleita em 2017 para a Assembleia de Freguesia de Campolide, “onde se empenhou no trabalho autárquico de proximidade. Era conhecida pela sua capacidade crítica, mas sempre propositiva e construtiva (…) sempre atenta às questões da Habitação, desde a preocupação com as condições de vida dos vizinhos e vizinhas, à discussão de políticas públicas capazes de enfrentar as carências habitacionais que subsistem”.

A CML não esquece que a Carmo Bica, desde cedo, “demonstrou a sua paixão pelo mundo rural e sobretudo pela organização do território, organização comunitária, sistema de produção cooperativo e emancipação e modernização do sistema do trabalho agrícola na defesa dos agricultores que vivem de pequenas explorações agrícolas nas regiões de pequena e média propriedade. Para isso dinamizou a criação e a atividade da ADRL, Associação para o Desenvolvimento Rural de Lafões, a que presidiu durante 18 anos. Com base na ADRL foi criada a primeira equipa de Sapadores Florestais do país e promovida a primeira Feira de Lafões que juntava os três municípios daquela região.”

No seu percurso político, desde muito jovem e apesar de viver numa pequena aldeia do interior rural, sempre se posicionou à esquerda e assumia-se como comunista e feminista. Aos 14 anos aderiu por iniciativa própria à UEC, de que foi dirigente nacional, posteriormente à JCP e ao PCP. Mais tarde dinamiza um movimento de cidadãos no seu município de origem, é eleita deputada municipal e mais tarde vereadora da Câmara Municipal de Vouzela.

A aproximação da Carmo Bica ao Bloco de Esquerda começou em 2004, com a sua participação na respetiva lista ao Parlamento Europeu, então encabeçada por Miguel Portas. Foi membro de vários órgãos concelhios e distritais e participou na Mesa Nacional. Era atualmente da Coordenadora Concelhia de Lisboa do BE e coordenava o Grupo de Trabalho de Agricultura do Partido da Esquerda Europeia.

O Voto da iniciativa da vereadora Paula Marques (CPL), a que posteriormente se associou o vereador do BE, termina com a referência ao percurso da Carmo Bica como “activista e lutadora de múltiplas causas sociais e políticas. Era associada da UMAR e defendeu, no âmbito do seu ativismo feminista, a adoção do Estatuto da Mulher Rural. Profundamente conhecedora dos territórios rurais, foi uma das mais destacadas ativistas em defesa das populações rurais e do interior, da agricultura familiar e da preservação do ambiente.”

“Perdemos cedo demais a Maria do Carmo Bica, autarca e mulher lutadora.”

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