Convocada por todas as Organizações Representativas dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações, Sindicatos e Comissão de Trabalhadores, a greve do próximo dia 29 abrange os trabalhadores dos CTT Expresso e dos CTT — Correios de Portugal, em luta contra a imposição unilateral da administração de substituir o atual subsídio de refeição, pago mensalmente com o vencimento por transferência bancária, por um “cartão de refeição” que diminuiria na prática a retribuição dos trabalhadores.
Os trabalhadores querem continuar a usar a retribuição referente ao subsídio de refeição “conforme a sua vontade” ou local de preferência. Com esta decisão da empresa, haveria centenas de trabalhadores que passariam a ter uma retribuição líquida inferior ao salário mínimo nacional. Em plena crise da covid-19, a administração dos CTT ataca desta forma os já baixos rendimentos dos trabalhadores.
O Núcleo do Bloco de Esquerda do Grupo CTT refere, em comunicado, que apesar da empresa ter tido “no 1º trimestre deste ano um aumento de receitas de 1.700.000,00€ comparativamente com o mesmo período de 2019”, a administração quer aumentar os lucros à custa deste direitos dos trabalhadores, de receberem o subsídio de refeição junto com o vencimento.
Os bloquistas dos CTT denunciam que “os padrões de qualidade acordados com a ANACOM no ano de 2019 nenhum foi cumprido, prejudicando as pessoas e pondo em causa a dignidade profissional dos trabalhadores dos CTT. As estações encerradas em cada sede de concelho continuam por reabrir.”
Consideram que os CTT devem voltar à esfera pública para impedir que continue a delapidação do património e dos recursos humanos, como tem acontecido ao longo dos anos da privatização, e que está a colocar em causa o serviço às populações e à economia. O BE dos CTT acusa a administração de uma gestão danosa que fecha estações, abandona as populações do interior, e transfere recursos financeiros do serviço postal para o banco CTT.
O comunicado do Bloco termina com a pergunta dirigida ao Governo: “Vai o governo do PS permitir que isto continue? Defender os CTT – públicos é não atribuir de novo a concessão a privados, para melhor defender a distribuição diária, giros dimensionados aos carteiros, a defesa da confidencialidade com estações próprias, cumprimento de padrões de qualidade para todas as correspondências, e condições para cumprir o serviço postal universal. Como a experiência dos últimos anos nos mostra, só com os CTT nacionalizados e na esfera pública teremos
serviços às populações de qualidade”, afirma o Núcleo do Bloco nos CTT, solidário com a greve geral dos trabalhadores do Grupo CTT no dia 29 de Maio.